Indépendant de la Charente-Inférieure
Manifestações no Hospital de Saintes
O jornal Indépendant de la Charente-Inférieure narrava, no mês de março passado, o seguinte fato que teria ocorrido no hospital civil de Saintes:
“Contam-se histórias maravilhosas e nesses oito dias não se fala senão dos estranhos ruídos que, todas as noites, ora imitam o trote de um cavalo, ora a marcha de um cachorro ou de um gato. Garrafas colocadas sobre a lareira são lançadas para o outro lado do quarto. Um pacote de trapos velhos foi encontrado, certa manhã, torcido em mil nós, impossíveis de desatar. Um papel, sobre o qual haviam escrito: “Que queres? que pedes?”, foi deixado uma noite sobre a lareira; na manhã do dia seguinte estava escrita a resposta, mas em caracteres desconhecidos e indecifráveis. Fósforos colocados sobre uma mesa, à noite, desapareceram como por encanto; enfim, todos os objetos mudaram de lugar e se espalharam por todos os cantos. Tais sortilégios somente ocorrem na obscuridade da noite. Desde que se faça a luz, tudo volta ao silêncio; apagando-a, os ruídos logo recomeçam. É um Espírito amigo das trevas. Várias pessoas, eclesiásticos, antigos militares deitaram-se nesse quarto enfeitiçado e foi-lhes impossível descobrir alguma coisa ou dar-se conta do que ouviam.

“Um empregado do hospital, suspeito de ser o autor dessas travessuras, acaba de ser despedido. Assegura-se, porém, que ele não é o culpado; ao contrário, muitas vezes foi a própria vítima.

“Parece que esse caso começou há mais de um mês. Passou-se muito tempo sem que nada fosse dito, cada um desconfiando dos próprios sentidos e temendo ser levado ao ridículo. Somente há alguns dias é que se começou a falar disso.”

Observação – Ainda não tivemos tempo de nos assegurar da autenticidade dos fatos descritos acima; só os apresentamos com muita reserva; observaremos apenas que, caso tenham sido inventados, nem por isso são menos possíveis e nada apresentam de mais extraordinário que muitos outros do mesmo gênero, e que estão perfeitamente constatados.
R.E. , maio de 1858, p. 232